O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que uma eventual prisão representaria o “fim da sua vida”. Ele se tornou réu nesta semana no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado.
Na conversa, Bolsonaro admitiu que discutiu com auxiliares, em 2022, sobre a aplicação de medidas como estado de sítio, estado de defesa e a invocação do artigo 142 da Constituição, mas afirmou que essas possibilidades foram “descartadas logo de cara”.
“Eu não esperava o resultado [das eleições]. Conversei com as pessoas, dentro das quatro linhas da Constituição, sobre o que poderíamos fazer. Olhamos para estado de sítio, estado de defesa, artigo 142 e intervenção, mas nunca houve decisão sobre isso”, disse o ex-presidente.
Sobre a investigação que apurava fraude no seu cartão de vacina, Bolsonaro negou envolvimento e celebrou o pedido de arquivamento feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR). “Eu jamais faria um pedido desse para alguém, me desmoralizaria politicamente, porque sempre fui contra a vacina”, afirmou.
O ex-presidente também rebateu as suspeitas de tentativa de golpe. “Golpe não tem Constituição. Um golpe, a história nos mostra, você não resolve em meses, mas em anos. Para dar um golpe, você teria que mexer com a imprensa, com setores empresariais, com o Parlamento e até com atores internacionais. Isso foi descartado logo de cara”, disse.
Quando questionado sobre a possibilidade de ser preso, Bolsonaro foi categórico: “É o fim da minha vida. Eu já estou com 70 anos”. Ele afirmou ainda que considera “completamente injusta” qualquer prisão e negou ter cometido crimes. “Cadê meu crime? Onde eu quebrei alguma coisa? Cadê a prova de um possível golpe?”.
Apesar das investigações e dos processos em andamento, Bolsonaro descartou deixar o Brasil e pedir asilo político. “Zero, zero, zero. Eu acho que estou com uma cara boa aqui. Tenho 70 anos, me sinto bem. Eu quero o bem do meu país”, concluiu.