A Acelen, empresa do fundo Mubadala Capital dos Emirados Árabes Unidos, planeja investir R$ 340 milhões neste ano na Refinaria de Mataripe. O aporte faz parte das atividades de manutenção e modernização da unidade, conforme anunciado pelo CEO Luiz de Mendonça. Este novo investimento soma-se aos R$ 3 bilhões aplicados nos últimos três anos, que já resultaram em um recorde de processamento de petróleo de 273 mil barris por dia (bpd) no primeiro trimestre de 2025.
O volume atual representa um aumento de 33% em relação aos 205 mil bpd de refino médio registrados na unidade quando foi adquirida da Petrobras em 2021. "É uma refinaria mais segura, muito mais eficiente", afirmou Mendonça. Embora a capacidade da unidade já fosse superior a 300 mil bpd na época da compra, o executivo ressaltou que não era possível operar próximo desse patamar.
A previsão é que a Refinaria de Mataripe eleve sua capacidade de produção de diesel em mais 20% até o início de 2026, em comparação ao momento da aquisição. Até o momento, o ganho de produtividade do diesel sob a gestão da Acelen já alcançou 14%.
A Refinaria de Mataripe, a primeira refinaria nacional a iniciar operações em 1950, foi adquirida pelo Mubadala por US$ 1,65 bilhão e é atualmente a segunda maior do Brasil, respondendo por 14% da capacidade total do país.
Aposta em Biorrefinaria e Macaúba na Bahia e Minas Gerais
Além dos investimentos na refinaria, a Acelen Renováveis, também pertencente ao Mubadala e presidida por Mendonça, avança em seus planos para construir uma biorrefinaria na Bahia. A engenharia básica da planta já foi concluída, e a companhia está finalizando a estruturação financeira do projeto, que incluirá a parte de dívida e equity.
A Acelen Renováveis prevê um investimento de US$ 3 bilhões em sua primeira planta de biorrefino, que será construída ao lado da Refinaria de Mataripe, mas operará de forma totalmente independente. A unidade terá capacidade para produzir 1 bilhão de litros de biocombustíveis por ano.
Inicialmente, a Acelen planeja iniciar a produção de SAF (Combustível Sustentável de Aviação) e diesel renovável a partir de óleo vegetal e gordura animal não comestível, com previsão de início em 2027. A partir de 2030, a empresa pretende passar a produzir combustíveis utilizando óleo de macaúba, uma cultura considerada até 10 vezes mais produtiva por hectare plantado em comparação à soja, conforme já destacado pelo InvestNews.
Para viabilizar este plano, a companhia prevê o cultivo de 180 mil hectares de macaúba na Bahia e em Minas Gerais, transformando pastagens degradadas em florestas produtivas. Um importante diferencial do projeto é que 20% das plantações serão compostas por parcerias com a agricultura familiar e pequenos produtores.
Neste mês, a Acelen iniciou o plantio de macaúba com a implantação da primeira fazenda-modelo na cidade de Cachoeira, no Recôncavo Baiano. Nos próximos meses, a empresa também prevê a inauguração do Centro de Inovação Tecnológica Agroindustrial (Acelen Agripark), que está em construção em Montes Claros (MG).
Mendonça evitou comentar sobre a estratégia do grupo em relação a possíveis novos sócios, afirmando que a decisão caberá ao Mubadala. No entanto, adiantou que há grande interesse de diversos players em participar do projeto, e que a Acelen poderá selecionar os parceiros que mais agreguem ao negócio.