O deputado federal baiano Pastor Sargento Isidório (Avante), protagonizou um momento inusitado e bem-humorado na noite desta terça-feira (20), ao discursar no plenário da Câmara dos Deputados com uma boneca reborn — modelo hiper-realista que simula um bebê real — amarrada ao corpo.
Apresentada como sua “neta”, a boneca foi o centro de um discurso no qual o parlamentar defendeu o direito de adultos brincarem com os bonecos, mas também fez um apelo contundente: não deixar que o afeto direcionado aos brinquedos substitua o cuidado com pessoas reais em situação de vulnerabilidade, como crianças em orfanatos e idosos em abrigos.
“Senhor presidente, estou aqui com a minha neta, bebê ‘esborni’ — sei lá como é o nome — para dizer à Bahia e ao Brasil que, se alguém cria a boneca, compra roupinha, dá mamadeira, faz chá de fralda e gasta com esses bonecos de silicone, sem querer importunar o SUS ou padres e pastores, não é pecado”, declarou.
Durante a fala, Isidório ainda brincou dizendo que trocaria a fralda da boneca ao fim da sessão e que o brinquedo já tem “intenção de ser deputada”. Mas o tom descontraído não impediu uma mensagem séria: o parlamentar pediu que a sociedade também volte sua atenção às necessidades humanas reais.
“Peço a quem gasta com fantasias e bonecos de silicone que visite orfanatos, abrigos de idosos ou outras casas de acolhimento, onde poderão abraçar e dar carinho a pessoas vulneráveis”, disse, concluindo com o apelo: “Não vamos trocar o natural por silicone. Que brinquem com boneco, mas creiam na criação de Deus.”
A fala ocorre em meio à crescente popularidade dos bebês reborn no Brasil, que vêm despertando debates públicos e políticos. Alguns parlamentares já propuseram projetos de lei para proibir atendimentos na rede pública de saúde voltados às bonecas e preveem multas e atendimento psicossocial a adultos que tratam os bonecos como filhos, especialmente quando tentam usufruir de benefícios destinados a crianças, como prioridade em filas.
A apresentação de Isidório chamou atenção nas redes sociais e dividiu opiniões. Para uns, uma forma excêntrica de comunicar uma mensagem relevante; para outros, um episódio que escancara a tensão entre comportamento individual e políticas públicas de saúde e assistência social.