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Polícia Caso Delegada

Médico, pai de suspeito de matar delegada é investigado por estelionato

Arylton Feliciano de Arruda foi demitido de um hospital em Euclides da Cunha por levar o filho para estagiar sem autorização da unidade

14/08/2024 às 14h02
Por: Redação
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Tancredo Neves e o pai atuavam juntos em hospital particular na Bahia. Foto: Reprodução/Redes sociais
Tancredo Neves e o pai atuavam juntos em hospital particular na Bahia. Foto: Reprodução/Redes sociais

O médico Arylton Feliciano de Arruda, pai de Tancredo Neves, suspeito de matar a delegada Patrícia Neves Jackes Aires, foi investigado por falsidade ideológica, em 2022. Naquele ano, ele foi demitido de um hospital particular, em Euclides da Cunha, por ter levado o filho para estagiar sem o consentimento da unidade. Arylton também é investigado por um suposto crime de estelionato, em Itamaraju.

Tancredo Neves, que confessou ter matado a delegada Patrícia Neves e está preso em Salvador, era levado pelo pai, o médico Arylton Feliciano, para trabalhar na Unidade Municipal Antônio Carlos Magalhães, administrada pelo Hospital Português, em Euclides da Cunha. O filho, no entanto, se formou em medicina fora do Brasil e, até hoje, não possui registro no Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb). Por isso, não tem permissão para atuar como médico.

Quando soube da conduta irregular do médico, o Hospital Português de Euclides da Cunha demitiu Arylton mas não denunciou o caso à polícia. Coube ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciar Arylton e Tancredo Neves por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. A reportagem apurou que o caso teria sido descoberto por uma paciente do hospital. Ela teria sido atendida pelo filho, que prescreveu uma receita com o registro médico do pai.

Durante dois anos, a investigação foi conduzida pela Delegacia Territorial de Euclides da Cunha que, neste ano, indiciou Tancredo Neves por exercício ilegal da medicina e falsidade ideológica. O pai, Arylton Feliciano, não foi indiciado neste processo, segundo a Polícia Civil, que não detalhou as razões para isso.

Em nota, o Hospital Português de Euclides da Cunha informou que o médico Arylton Feliciano foi desligado imediatamente após a unidade tomar conhecimento do ocorrido, em 2022. A unidade informou ainda que a atuação médica na instituição acontece mediante apresentação prévia de documentos, além de aprovação da coordenação médica, e que Tancredo Neves nunca integrou o quadro de funcionários do hospital.

O Cremeb disse que vai investigar se o médico Arylton Feliciano de Arruda foi cúmplice do filho no suposto crime de falsidade ideológica. O conselho afirmou ainda que vai investigar se Tancredo Neves, que não possui registro médico no Brasil, foi contratado para atuar como tal. Arylton Feliciano tem registro ativo no Cremeb desde dezembro de 1975 e não tem especialidade médica registrada.

Além do imbróglio que envolve a atuação médica irregular do filho, Arylton Feliciano de Arruda é investigado pelo crime de estelionato, em Itamaraju. O processo investigatório criminal (PIC) é conduzido pelo Ministério Público da Bahia desde novembro de 2023. O órgão foi procurado, mas não se manifestou sobre o andamento da investigação.

Delegada teria feito empréstimo para assassino fazer registro médico

As investigações sobre a morte da delegada Patrícia Neves Jackes Aires, encontrada morta em seu próprio carro, em São Sebastião do Passé, indicam que ela e Tancredo Neves discutiram antes da vítima ser morta. Em depoimento, ele confessou ter matado a então companheira asfixiada com o cinto de segurança do veículo.

De acordo com a delegada-geral Heloísa Brito, uma das linhas de investigação é que a briga ocorreu por conta da cobrança de um empréstimo feito por Patrícia para Tancredo. “Eles tinham, de fato, uma relação conflituosa. Estamos investigando a possibilidade de ela ter feito um empréstimo a ele e teria cobrado o valor. Ele iria usar o valor para revalidar o diploma, que teria sido feito fora do Brasil”, falou, durante coletiva de imprensa, na terça-feira (13). O processo de revalidação de diploma médico possui duas provas que, juntas, custam R$3.630.

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