O dono de uma academia de tênis em Salvador está sendo acusado de abusar sexualmente da própria filha, de 3 anos. As acusações foram feitas pela fonoaudióloga Tamires de Sousa Reis, mãe da criança, pelas redes sociais no último domingo (21). Segundo ela, após a separação do casal, a filha começou a chegar da casa do genitor com marcas de agressão no corpo e vermelhidão nas partes íntimas.
A mãe conta que fez a denúncia publicamente após o Ministério Público da Bahia (MP-BA) arquivar o caso no início do mês por "falta de provas concretas" e designar guarda compartilhada. O CORREIO teve acesso a documentações envolvendo o ex-casal e o empresário foi identificado como Paulo Roberto Santos de Souza Filho, mais conhecido como Paulinho Souza e dono da Academia PS Tênis Executivo, no Caminho das Árvores.
À reportagem, Tamires informou que na última semana o genitor manteve contato com a filha, conforme decisão judicial, e a criança segue apresentando sinais de estresse, automutilação e agressão depois do encontro com o pai. A publicação com a denúncia conta com 255 mil visualizações e mais de 10 mil encaminhamentos. Já o perfil da academia está fechado para não seguidores.
A reportagem entrou em contato com o estabelecimento pelo Instagram e Whatsapp, a fim de ter um posicionamento de Paulo Filho sobre o caso, mas não recebeu retorno até a última atualização da matéria.
A criança tinha 1 ano e 6 meses quando os pais se separaram e começou a viver com os dois, em casas separadas. "Em julho de 2022, ele devolveu minha filha e ela chorava muito. Tentei trocar ela, mas fez barreira de travesseiros, dobrou as pernas e cobriu o rosto. Não deixava eu tirar a fralda de jeito nenhum. Vi que as regiões íntimas estavam avermelhadas. Não conseguia fazer a higienização correta por causa desse trauma de quando ela estava na casa do pai", narrou.
Após ocorrências similares, Tamires conta que confrontou o pai da criança sobre a situação e ele acusou a namorada dele e disse que iria terminar o relacionamento. Depois, a fonoaudióloga estabeleceu que os encontros deveriam acontecer mediante acompanhamento de uma babá. "[Mas] ele deixava a babá em casa e saía sozinho com minha filha. A babá relatou situações de maus-tratos dele com minha filha. E, assim, todas babás que passaram tinham medo dele", afirma.
A situação, no entanto, só foi confirmada pela mãe quando a filha reproduziu atos de cunho sexual em casa. "[Eu perguntei] quem fez isso em você? Foi papai, mamãe, foi papai que fez", descreveu. "Na hora veio um misto de raiva porque tive a prova concreta de que tudo que estava sentindo e tudo que filha estava gritando era verdade. Minha filha estava passando por violência sexual".
Tamires prestou queixa e conta que a polícia indiciou o pai. O caso seguiu para o MP, que pediu a reabertura do inquérito. Novamente, a conclusão foi o indiciamento do suspeito.
"O genitor solicitou um relatório da escola e anexou. Os juízes e desembargadores deram parecer baseado nisso e na fala dos pais do investigado. Não levaram em consideração minha mãe, o relato da vítima, meu relato, relato psicossocial, não foram levados em consideração", reclama.
O Ministério Público também foi procurado e a reportagem aguarda retorno. Já o Tribunal de Justiça da Bahia respondeu que, por envolver uma menor de idade, o processo tramitou em segredo de justiça, e a Polícia Civil apenas confirmou que os procedimentos foram encaminhados ao Poder Judiciário com os devidos indiciamentos.
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