Estudantes da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB) em Santo Amaro ocupam o campus há cerca de uma semana, exigindo melhorias nos auxílios estudantis e a reestruturação das políticas de permanência. Um grupo de 28 alunos do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (Cecult) relatou que as precárias condições estruturais do centro contribuem para as altas taxas de evasão.
Acampados desde 13 de maio, os estudantes apresentaram propostas à Pró-Reitoria de Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis (PROPAAE) no dia 14. Eles elaboraram dois documentos: uma lista de espera para o auxílio de permanência e sugestões para a implementação de um auxílio emergencial, além de pedidos para atualizações no Programa de Permanência Qualificada (PPQ), incluindo o aumento de vagas e dos valores dos auxílios.
Os alunos informaram que "desde a deflagração da greve nacional dos técnicos administrativos, iniciada em fevereiro de 2024, tivemos a suspensão do Edital 002/2024 da PROPAAE de auxílio permanência qualificada (PPQ), impactando a permanência dos discentes e, principalmente, dos calouros". Desde 2023, não foram abertas novas vagas para auxílios de permanência no campus.
Além dos auxílios financeiros, os estudantes pedem melhorias na infraestrutura do campus. Atualmente, o Cecult está alocado em uma escola municipal cedida pela prefeitura de Santo Amaro da Purificação. A falta de uma residência e de um restaurante universitário adequados força muitos estudantes, sem famílias na cidade ou outras fontes de renda, a deixarem Santo Amaro e retornarem às suas cidades de origem.
Situação similar ocorre no campus de Cruz das Almas, onde uma estudante relatou que, mesmo durante a greve, algumas turmas continuam com atividades, mas a falta de auxílios ou os atrasos nas bolsas de pesquisa prejudicam os alunos. "Ficar três meses de greve só para ter aula de uma matéria é inviável", explicou.
A greve dos servidores administrativos, iniciada em fevereiro, resultou em atrasos no pagamento das bolsas, agravando a situação financeira dos estudantes.
Em resposta, a UFRB afirmou que "reconhece como justas e legítimas as reivindicações e lutas de sua comunidade acadêmica" e informou a abertura de um novo edital de auxílio emergencial temporário com 300 vagas. Apesar dessa medida, os alunos do Cecult em Santo Amaro aguardam um diálogo mais direto com a UFRB sobre a estrutura do campus.
Nota da UFRB na Íntegra:
“A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) reconhece como justa e legítima as reivindicações e lutas de sua comunidade acadêmica. A Instituição tem em sua política de permanência e assuntos estudantis um de seus pilares, garantindo à sua comunidade condições básicas para o desenvolvimento de suas potencialidades, visando a inserção cidadã, cooperativa, propositiva e solidária nos âmbitos cultural, político e econômico da sociedade e o desenvolvimento regional. Neste sentido, a UFRB informa que os auxílios e bolsas para estudantes já vinculados às Pró-Reitorias de Graduação; Extensão e Cultura; Pesquisa, Pós-Graduação, Criação e Inovação; e Políticas Afirmativas e Assuntos Estudantis estão sendo pagas regularmente, mesmo durante as greves dos(as) técnicos(as) administrativos(as) e docentes. Ademais, visando atender a estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica e que não possuem algum tipo de auxílio, foi lançado no último dia 15 de maio um edital com 300 vagas de auxílios emergenciais temporários. Do mesmo modo, a Universidade reafirma a importância dos(as) professores(as) substitutos(as) para sua política de ensino e garante que todos os direitos serão plenamente preservados.”
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