Manchas de óleo têm causado prejuízos aos pescadores do Mangue do Ilhote, em Santo Estevão, distrito de São Francisco do Conde. A Associação Dos Pescadores, Marisqueiras, Piscicultores e Maricultores de Madre de Deus e São Francisco do Conde (APMPDA) afirma que vem recebendo denúncias sobre o derrame desde o último dia 25.
Segundo José Antônio Santos, conhecido como Zé Tunel, presidente da organização, a presença do óleo está contaminando os manguezais e a área de pesca e mariscagem, o que diminui a renda dos trabalhadores com frutos do mar e mariscos. Ele diz ainda que mais de cinco mil pescadores e marisqueiras estão sendo prejudicados com o derramamento, e algumas equipes de pesca estão 100% paradas.
“As redes dos pescadores ainda estão impregnadas de óleo, e até agora nenhuma providência [foi tomada]. Com essas ocorrências, perdemos 90% de nossa renda na pesca e na mariscagem”, diz Zé Tunel. Ele ressalta que o prejuízo é ainda pior devido à proximidade da Semana Santa, quando a procura por peixes e frutos do mar aumenta.
Além da perda financeira, mortes de animais marinhos também foram registradas em decorrência das manchas de óleo. “Diversos moluscos, crustáceos e espécies de peixes sumiram. Houve várias devastações como esta. Em 2002, alagou tudo de óleo. De lá para cá a gente vem tendo ocorrências recorrentes”, afirma Zé.
A origem do óleo ainda está sendo analisada. De acordo com marisqueiras da região, a empresa Transpetro coletou amostras das manchas, mas não deu mais respostas.
O presidente da APMPDA conta ainda que a Associação passou as informações para o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo ele, após a denúncia, o Ibama comunicou o Inema, que entrou em contato com a associação nesta segunda-feira (11) e prometeu que enviará uma equipe para realizar diligências.
Procurada, a Transpetro afirmou que equipes foram mobilizadas e realizaram inspeção no município de Santo Estevão ainda no dia 25 de fevereiro. De acordo com a empresa, elas "não identificaram qualquer relação da ocorrência relatada com as operações da Transpetro".
Em nota, o Ibama declarou que recebeu a denúncia dos pescadores, abriu procedimento interno para apuração e reafirmou ter entrado em contato com o Inema. O instituto ressaltou que, por se tratar de uma Área de Proteção Ambiental da Baía de Todos os Santos (APA), cuja gestão é estadual, a primazia do atendimento é do estado.
Segundo o Ibama, a dificuldade encontrada é que as denúncias chegam "de forma incompleta". "As fotografias e vídeos não vêm com indicações de coordenadas geográficas, datas e horários que nos permitam identificar o causador! Na maioria das vezes, as denúncias também chegam com um atraso muito grande em relação ao momento do acontecimento, o que facilita a evasão do causador. O presente caso é mais um desse tipo", diz a nota.
O instituto adicionou ainda que, com o objetivo de melhorar a qualidade das denúncias, está planejando uma série de palestras emergenciais para as colônias e associações de pesca da Baía de Todos os Santos. "Nosso intento é capacitar, minimamente, pescadores e pescadoras, trabalhadores e trabalhadoras do mar a utilizarem em seus celulares alguns aplicativos simples, que permitem a realização de fotos e vídeos com precisão na localização", completa.
A reportagem tentou entrar em contato com o Inema para obter informações sobre a possível causa do surgimento das manchas, mas não houve retorno.
As informações são do Correio
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