Liderado pelo deputado estadual Binho Galinha, o grupo miliciano alvo de uma operação nesta quinta-feira (7) atuava na região de Feira de Santana há pelo menos 20 anos. A organização criminosa já havia sido denunciada devido às práticas ilícitas, segundo a Polícia Federal.
"Há informações de que esse grupo atua há mais de 20 anos na região de Feira de Santana. A investigação foi iniciada por meio de um ofício do Ministério Público, relatando esse ilícitos penais que estavam sendo perpetrados por esse organização criminosa", explicou o delegado Geraldo Almeida.
A partir do ofício do MP, a PF iniciou a investigação, que durou cerca de 14 meses, até a operação deflagrada hoje. Ainda segundo o delegado, as pessoas faziam denúncias anônimas por medo da organização criminosa, que tinha a participação de policiais militares. Eles eram responsáveis por ameaçar as vítimas.
Nesta quinta, seis pessoas foram presas: João Guilherme, Jorge Piano, Jackson Júnior, Roque Carvalho, Mayana Silva e Josenilson Conceição. Quatro mandados de prisão ainda estão em aberto.
Apontado como líder da milícia, Binho Galinha não foi alvo de mandado de prisão devido ao seu foro privilegiado, conforme previsto na Constituição. Ele não foi localizado em nenhum dos endereços onde foram cumpridos os mandados. Binho e mais 14 pessoas foram denunciadas pelo MP, entre elas policiais militares. Foram apreendidos documentos, pasta de cocaína, armas e munições.
Foram denunciados Kléber Cristian Escolano de Almeida, Thierre Figueiredo Silva, Nilma Carvalho Pereira, Ruan Pablo Pereira Carvalho, Alexandre Pereira dos Santos, Washington Martins Silva, Mayana Cerqueira da Silva, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, Jorge Vinícius de Souza Santana Piano, Jackson Macedo Araújo Júnior, Vagney dos Santos Aquino, Josenilson Souza da Conceição, Roque de Jesus Carvalho, Bruno Borges França e Kleber Herculano de Jesus.
Bloqueio de bens
Além dos mandados cumpridos contra o grupo, houve também o bloqueio de mais de R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados e o sequestro de 40 propriedades urbanas e rurais, além da suspensão de atividades econômicas de seis empresas. A Receita Federal também participa da investigação e informou em nota como o grupo virou alvo da operação.
Ao todo, 15 auditores fiscais e seis analistas tributários estão envolvidos nas investigações. Relatórios produzidos pela Receita apontam inconsistências fiscais dos investigados, movimentação financeira incompatível, além de propriedade de bens móveis e imóveis não declarados e indícios de lavagem de dinheiro.
Denúncia
Segundo as investigações, a organização criminosa realizou, em uma década, movimentações bancárias superiores a R$ 100 milhões, total transferido diretamente ao logo do tempo pelos investigados e por empresas constituídas com o intuito de garantir aparência de licitude aos recursos movimentados.
Segundo a denúncia, o grupo contaria, ainda, com a participação de policiais militares do estado da Bahia, os quais integrariam o braço armado da organização criminosa, com atribuições de efetuar cobranças, mediante violência e grave ameaça, de valores indevidos oriundos de jogatinas e empréstimos a juros excessivos.
Do Correio
Mín. 20° Máx. 33°