A Justiça do Rio manteve, após audiência de custódia nesta quinta-feira (18), a prisão de Érika de Souza Vieira Nunes, por suspeita de levar o tio morto a atendentes de um banco na Zona Oeste do Rio. À polícia, Érika disse ser sobrinha e cuidadora de Paulo Roberto Braga.
Érika responde por vilipêndio de cadáver e por furto. Em sua decisão, a juíza Rachel Assad da Cunha definiu a ação como "repugnante e macabra" e converteu a prisão em flagrante em preventiva.
A magistrada sustentou que a situação não se resume a definir o exato momento da morte, mas sim pela situação vexatória a qual o idoso estava sendo exposto. Assad questiona se, nas condições em que estava, Paulo Roberto teria como concordar com um empréstimo, ainda que vivo estivesse.
A defesa de Érika diz que o idoso de 68 anos chegou vivo ao banco. O caso é investigado pela 34ª DP (Bangu).
Para a magistrada ficou clara a vontade de Érika de "obter dinheiro".
"Tudo a indicar que a vontade ali manifestada era exclusiva da custodiada, voltada a obter dinheiro que não lhe pertencia, mantendo, portanto, a ilicitude da conduta, ainda que o idoso estivesse vivo em parte do tempo", escreveu a juíza.
"Era perceptível a qualquer pessoa que aquele idoso na cadeira de rodas não estava bem. Diversas pessoas que cruzaram com a custodiada e o Sr. Paulo ficaram perplexos com a cena, mas a custodiada teria sido a única pessoa a não perceber?", questiona a magistrada.
A juíza destaca ainda que Érika afirma ser cuidadora do idoso, mas não se preocupou com seu estado de saúde na hora de levá-lo ao banco.
"Assim, caberá à instrução probatória verificar, ainda, se a própria conduta não teria contribuído ou acelerado o evento morte, por submeter o idoso a tanto esforço físico, em momento que evidentemente necessitava de repouso e cuidados", completa ela.