Brasil Luto
Morre Ziraldo, o 'pai' do Menino Maluquinho
Desenhista e escritor dizia que ler era mais importante que estudar
07/04/2024 16h52
Por: Redação
Reprodução/Internet

Conhecido por personagens como Menino Maluquinho e os da “Turma do Pererê”, o desenhista e escritor Ziraldo, morreu neste sábado (6), aos 91 anos, segundo familiares, enquanto dormia na casa do bairro da Lagoa, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

“Ler é mais importante do que estudar” era uma das frases mais emblemáticas do escritor.

 
Ziraldo tinha 91 anos

Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga (MG), onde passou a infância. Mais velho de uma família com sete irmãos, foi batizado a partir da combinação do nome da mãe (Zizinha) com o nome do pai (Geraldo).

Leitor assíduo desde a infância, teve seu primeiro desenho publicado quando tinha apenas seis anos, em 1939, no jornal “A Folha de Minas”. Iniciou a carreira mesmo nos anos 1950, na revista “Era uma vez...”. Em 1954, passou a fazer uma página de humor no mesmo “A Folha de Minas” em que havia iniciado.

O eterno Menino Maluquinho

Em 1957, formou-se em Direito na Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte. No mesmo ano, entrou para o time das revistas “A Cigarra” e, depois, “O Cruzeiro”. Em 1958, casou-se com Vilma Gontijo, sua namorada havia sete anos. Tiveram três filhos, Daniela, Fabrizia e Antônio.

Já na década seguinte, destacou-se por trabalhar também no “Jornal do Brasil”. Assim como em “O Cruzeiro”, publicou charges políticas e cartuns. São dessa época os personagens Jeremias, o Bom, Supermãe e Mineirinho.

Em 1969, no meio do regime militar, Ziraldo fundou, com outros humoristas, “O Pasquim”. Com textos ácidos, ilustrações debochadas e personagens inesquecíveis, como o Graúna, os Fradins ou o Ubaldo, o semanário entrou na luta pela democracia num dos períodos políticos mais turbulentos do país.

Ao mesmo tempo que combatiam a censura, Millôr, Henfil, Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral, Ivan Lessa, Sérgio Augusto e Paulo Francis, dentre outros colaboradores do jornal, sofriam com ela. Um dia depois do AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, Ziraldo foi detido em casa e levado para o Forte de Copacabana.

Seu maior sucesso, “O Menino Maluquinho”, saiu em 1980 e ganhou o Prêmio Jabuti. É considerado um dos maiores fenômenos do mercado editorial brasileiro de todos os tempos. O sucesso fez o personagem ser levado para o cinema, teatro, quadrinhos, ópera infantil e games.

Em 1997, o personagem foi levado à Marquês de Sapucaí. A escola carioca Unidos do Porto da Pedra homenageou o Menino Maluquinho com o enredo "No Reino da Folia, Cada Louco com a sua Mania".

Em 1999, Ziraldo criou duas revistas: “Bundas” e “Palavra”. A primeira era descrita como “uma resposta bem-humorada à ostentação dos ‘famosos’ que semanalmente aparecem na revista ‘Caras’”.

Os lemas eram: “Quem mostra a bunda em ‘Caras’ não mostra a cara em ‘Bundas’”; “A revista que é a cara do Brasil”; e “‘Bundas’, a revista que não tem vergonha de mostrar a cara”.