O que deveria ser um dia de felicidade ao dar a luz ao primeiro filho, tornou-se um dia de tristeza para Babi Vitória, que afirmou ter passado por momento de “humilhação, negligência e homofobia” dentro do Hospital da Muher de Feira de Santana. Em entrevista ao bahia.ba, a jovem relatou que “por negligência médica”, seu filho quase ficou cego após ter a pálpebra inferior cortada na hora do parto.
“Fui dar a luz a meu filho tão feliz, alegre por finalmente ter ele em meus braços, mas infelizmente a realidade foi outra. Sofri 18 horas pra ter Apollo em parto normal. Não dilatei e mesmo com dor não queriam fazer minha cesárea, foi preciso trocar o plantão para finalmente eles fazerem e ainda ouvir que eu teria a cesária, mas seria uma das últimas. Quando eu ouvi isso entrei em desespero de tanta dor. Após tanta espera e quando pensei que ia encontrar meu filho para ficar em paz, falaram que cortaram a pálpebra inferior dele levando uma sutura de 4 pontos. Por bem pouco meu filho não fica cego. Tive que fazer um exame de vista particular e comprar a pomada caríssima que eles passaram. O engraçado que fizeram isso no meu filho e quem tem que arcar com tudo somos nós”, desabafou.
Ainda de acordo com a jovem de 21 anos, o bebê teve hemorragia no globo ocular, não abria o olho de dor e chorava muito. Segundo ela, quando ele conseguiu abrir estava cheio de sangue.
Babi tem um relacionamento homoafetivo e disse que sofreu ainda homofobia. Segundo ela, sua compaheira precisou sair correndo pelo hospital implarando para que a cesárea fosse realizada. Por causa do seu relacionamento, ela ouviu palavras pejorátivas e foi chamada de “Chimbinha sem Joelma”. “Sofri horrores naquele hospital da mulher sofri homofobia, fui chamada de “Joelma sem chinbinha”.
O parto aconteceu no dia 03 de setembro de 2022, mas só agora Babi conseguiu denunciar e expor a situação para imprensa e nas redes sociais. Questionada pela reportagem do porquê ter denunciado o caso 4 meses depois, Babi explica que tinha medo, mas que agora criou coragem para denunicar a lertar que mães não passem pela mesma situação.
“Quantas mães não passaram e passam pela mesma situação e não têm a coragem e não sabe que isso é uma volência obstétrica, um crime? E eu não vou me calar porque não tem um dia que eu não pense em tudo que aconteceu. Me sinto culpada todo santo dia por não ter aguentado o suficiente para ter o tão sonhado parto natural. Não pude tirar fotos do nascimento dele pois não deixaram. Eu não tenho fotos suficientes do meu filho porque não tirava para não aparecer o corte dele e isso me destrói, me corrói. E por mais que digam que a cicatriz não vai ficar, ela ainda está aqui e quando ele crescer ele vai ter uma coisa no corpo o qual não vai gostar e vai me perguntar o que houve”, disse.
O bahia.ba procurou o Hospital da Mulher. A unidade disse que a diretoria está realizando toda a apuração interna do caso e que a mãe não denunciou o ocorrido na ouvidoria.
“A diretoria do Complexo Materno Infantil do hospital Inácia Pinto dos Santos, o Hospital da Mulher, tomou conhecimento do fato na manhã desta terça-feira (17), através das redes sociais. O diretor geral da unidade, Francisco Mota, ressalta que “é inverídica a informação de que a paciente deu queixa no hospital e pediu cópia de prontuário”. Ele esclarece que “todos os casos de pedido de cópia de prontuário passam pela diretoria médica e pela diretoria geral. Assim como não chegou nenhuma queixa na Ouvidoria”, disse a prefeitura por meio de nota enviada ao bahia.ba.
Ainda de acordo com o hopsital, “o parto foi realizado no dia 03 de setembro de 2022. O bebê recebeu atendimento pelo Sistema Único de Saúde, no ambulatório do Hospital da Mulher, no dia 05 de outubro, para acompanhamento com pediatra. O diretor geral do Hospital da Mulher acrescenta ainda que a diretoria está realizando toda a apuração interna do caso, que também está sendo acompanhado pela Procuradoria Geral do Município”.
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