Desde junho a psicóloga Letícia Pinto, 23 anos, está buscando uma cama e uma televisão nova, olhando nos sites, nas lojas e fazendo prints dos preços. Nesta sexta-feira (24), ela foi a primeira pessoa da fila no Shopping da Bahia. Saiu de Pernambués ainda com o dia escuro e chegou às 4h para aproveitar a Black Friday.
"No ano passado eu vim também e comprei alguns produtos. Esse ano, vou levar minha cama, uma tv de 65 polegadas e produtos de higiene. As promoções existem, mas é preciso acompanhar os preços para não ser enganado, fazer print e questionar", afirmou.
O movimento estava fraco quando as portas abriram no Shopping da Bahia. Vendedores ensaiaram gritos de guerra para estimular o público, que entrou com calma no centro comercial.
Aydil Moreira, 84 anos, também chegou cedo para garantir as promoções. Ela é assídua da black friday e pretende comprar "o que o dinheiro der". "Quero comprar xampu, desodorante, sabonete, tudo o que estiver na promoção e o dinheiro der. Agora vou comprar celular, calcinha, roupa, toalha", diz. Aydil também acompanhou os preços antes de chegar o grande dia e pretende pesquisar antes de decidir pelas compras.
Thays Leitão, gerente de Marketing do shopping da Bahia, explica que o movimento de clientes é diluído ao longo dos dias, diferente de quando começou a Black Friday no Brasil. "Quando a data começou em 2010, a gente seguia o padrão amerciano, tinha só aquela data para consumir. Hoje em dia, a gente muda isso, a gente se adaptou ao cliente, hoje a gente tem uma semana de promoção. Os descontos permancecem sábado e domingo, e faz com que o cliente dilua o poder de compra dele", afirma.
Agentes da Condecon acompanharam a abertura dos shopping. Segundo o diretor do órgão, Zilton Netto, as equipes verificaram a organização das filas nos shoppings e nas lojas de rua, e se os produtos realmente estão na Black Friday. No ano passado, três empresas foram autuadas. As multas variam de R$ 900 a R$ 9 milhões. Pela primeira vez, a Codecon vai fiscalizar também o e-commerce.
"O principal trabalho é o retorno às lojas que visitamos por um mês, fazemos a captação dos preços das lojas, para ver se hoje o desconto está sendo aplicado em cima do valor que já estava sendo praticado na loja para evitar que a loja aumente o valor e dê o desconto", explica. A pesquisa de preço começou no dia 21 de outubro.
Os consumidores também pode e devem ajudar o Codecon na fiscalização, diz Netto. "O consumidor está em várias lojas ao mesmo tempo e é quem pode nos ajudar. Ele pode ligar para o 156 ou acessar o Codecon mobile, são as formas mais rápidas de receber as denúncias", diz. Além de irregularidades nos descontos, o consumidor também pode denunciar ausência de preço ou ausência do Código de Defesa do Consumidor.